O Rapto das Sabinas, Casamento ou Crime?

Postado por Isaque


Postado em 08/01/2025


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A instituição do matrimônio romano foi outro assunto debatido por Tito Lívio. A obra “Rapto das Sabinas” de Pietro de Cortona ilustra um dos pontos mais interessantes dos mitos da fundação. Segundo a história clássica, com poucas mulheres em Roma, Rômulo enfrentou um problema que ameaçava o crescimento da cidade. Para resolvê-lo, ele organizou um festival e convidou os povos vizinhos, incluindo os sabinos. Durante o evento, os romanos raptaram as mulheres sabinas para se tornarem suas esposas.

Debate-se então se o matrimônio romano estaria baseado no adultério e no estupro. Para Lívio, o adultério não seria uma característica desse primeiro casamento, pois em sua história ele deixa claro que as sabinas raptadas eram solteiras. Já sobre o estupro, Lívio reflete que, após a proclamação de guerra entre os recém formados romanos e os sabinos e a batalha que se procedeu, as mulheres sabinas intervieram, pedindo paz entre seus maridos romanos e suas famílias de origem, suplicando para não se tornarem viúvas e órfãns no mesmo dia, relatando que se acostumaram e passaram a gostar de serem mulheres romanas. Depois disso, houve a união dos dois povos, o que fortaleceu Roma e simbolizou a capacidade da cidade de integrar diferentes culturas.

Da mesma forma como foi feito com Reia Sílvia, as sabinas assumiram de forma forçada uma responsabilidade, no caso delas, de serem esposas e, com isso, protegerem a instituição do matrimônio, intervindo na guerra e alcançando a paz entre seus pais e seus esposos.

Fontes

LÍVIO, Tito. História de Roma: desde a fundação da cidade. Belo Horizonte: Crisálida, 2008.

BRANDÃO, José Luís; OLIVEIRA, Francisco de. História de Roma antiga. Coimbra, 2015, vol. I.

MARTIN, Thomas R. Valores romanos, família e religião. In: MARTIN, Thomas R. Roma Antiga: de Rômulo a Justiniano. Porto Alegre: L&PM Editores. 2014,

BEARD, Mary. SPQR: uma história da Roma Antiga. São Paulo: Planeta, 2017.